O que Jung fala sobre astrologia? — A Psicologia Junguiana e o Pensamento Simbólico na Vida Real
- LAYLA D. II Luciana Cleto Diniz
- 8 de jul.
- 3 min de leitura
Muita gente chega até o consultório — inclusive online — com uma pergunta na ponta da língua: “O que Jung fala sobre astrologia?” A resposta não cabe em uma linha, mas pode caber em uma vida: Jung compreendeu a astrologia como uma linguagem simbólica poderosa, capaz de dialogar com aquilo que é inconsciente, profundo e essencial em cada ser humano.
Para Jung, os astros não determinam; eles refletem. Funcionam como espelhos arquetípicos que projetam padrões universais, mas que só ganham forma real na vida de cada indivíduo quando encontram uma mente viva, aberta ao diálogo com si mesma. Nesse sentido, perguntar “Tem problema em acreditar nos signos?” é quase uma armadilha: não se trata de crer ou não crer, mas de entender. A astrologia, quando trabalhada sob uma perspectiva psicológica, não é superstição nem oráculo de destino fixo — é um vocabulário simbólico que ajuda a nomear aquilo que muitas vezes é sentido, mas não é dito.
Signos: não ditam quem somos, mas iluminam caminhos
Quantas vezes ouvimos “Porque signo influencia a personalidade da pessoa?” — como se fosse uma sentença gravada em pedra?Na verdade, a pergunta certa talvez seja: de que modo projetamos, simbolicamente, nossas vivências nesses signos? A psicologia Junguiana nos mostra que todo signo é uma imagem simbólica. Não molda o caráter, mas revela potenciais, tensões, inclinações que existem como possibilidades — nunca como certezas imutáveis.
Dentro do consultório, a simbologia astrológica não ocupa o lugar da escuta, do vínculo ou da análise técnica. Ela é uma ponte. É o mapa, não o território. Cada cliente — seja em encontros presenciais ou em sessões de terapia online — traz seu próprio repertório emocional para esse diálogo. É ele quem preenche os símbolos com sua história, memórias, sonhos, dores e desejos.
Um mapa aberto, um diálogo vivo

Quando se integra astrologia simbólica à psicologia profunda, não se está substituindo ciência por crença. Está-se ampliando o olhar, criando um espaço fértil para investigar o que existe além do literal. No trabalho que faço, por exemplo, podemos ter o mapa astral aberto em cada sessão. Mas o verdadeiro conteúdo da consulta não está nos símbolos impressos, e sim na forma como o cliente atribui sentido a cada um deles.
O mapa, por si, não muda ninguém. É o encontro entre simbologia, psique e consciência que transforma. E esse encontro é sempre único, porque cada pessoa faz dele o que quiser: pode ignorar, pode questionar, pode expandir.
Assim, astrologia e psicologia não competem — se complementam. A primeira oferece imagens e metáforas, a segunda fornece os instrumentos para que essas imagens sejam decifradas com responsabilidade, ética e profundidade.
Entre o mágico e o real: pensar simbolicamente é crescer
Ainda vivemos tempos em que a astrologia é vista, muitas vezes, sob o véu do pensamento mágico. Mas quem se aproxima dela como ferramenta simbólica entende que não há “poder secreto” que venha de fora — o poder real nasce dentro, quando traduzimos símbolos em consciência, ação e transformação concreta.
Jung sabia disso. Por isso, quando alguém me pergunta “Tem problema em acreditar nos signos?”, costumo devolver a pergunta de outra forma: o que você faz com isso?Se for para deixar a responsabilidade do próprio viver nos astros, sim, é um problema. Mas se for para abrir caminhos internos, ampliar perguntas e olhar para si de forma mais inteira — então é uma chave.
Que a psicologia junguiana, aliada à astrologia simbólica, siga lembrando a cada um que não existem respostas prontas — apenas símbolos vivos, esperando para ganhar forma dentro de nós.
Boas escolhas para você,
Layla D.
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